domingo, 20 de abril de 2014

30. MARIA E A MULHER DE BRANCO

     Convidada para participar do bingo da igreja daquele lugarejo, reuniu seus irmãos pequenos, e os primos que moravam no mesmo terreno. E se foram, todos faceiros, para as brincadeiras daquela quermesse no final de tarde, com o sol já quase sumindo.
      Entretidos com as brincadeiras no salão paroquial, não se deram conta que a lua já havia surgido.
      Na porta da quermesse, prontos para retornar, todos se deram as mãos como quem a se perguntar - como vamos atravessar o Curvão?  

        - Curvão, era um lugar aonde se fazia a travessia de um pântano – Corria a boatos na vila, que lá, habitava uma assombração. Lugar escuro, com mato em volta, não tinha recursos, muito menos iluminação, apenas uma trilha. 

          E o lugar era temido. Mas, era o único trajeto de quem iria naquela direção.
          E o povo do lugarejo, no retorno para a casa, se, passasse do horário ninguém se arriscava a enfrentar aquele Curvão. 

          Era sabido, que todos que iam para cidade tinham que se organizar, para não passar naquele lugar depois do sol baixar...
       E as crianças assustadas, tementes, resistiam dar qualquer passo que mirasse aquele pântano, habitado por outros seres que assustavam os humanos. Mas, não tinha outro jeito, era preciso coragem e o pântano atravessar.
        Maria, no comando da situação, juntou todas as mãos, acalmando um por um e achando a solução .

          -  Prestem atenção!
    Não devemos nos acovardar, é preciso vencer o medo e a travessia realizar.           É impossível passar a noite no relento, muito menos acreditar que há nesse lugar almas de outros ventos. Vou contar-lhes o segredo que assombra esse lugar... Há muitos anos,  morava bela jovem, numa casa modesta, bem naquela curva que esta a nos assustar... Era mulher bonita, de cabelos dourados, com um sorriso cativante e trazia em sua face a doçura do olhar... Certo dia outra mulher, de invejas se cobria, desferiu-lhe um golpe certeiro e roubou-lhe o coração. E a bela mulher, em malvada se transformou... Apoderando-se de qualquer intruso que aproximasse do Curvão.
        Diz ainda a lenda, que quem por ali passar, ela exige que traga-lhe pano, agulhas e linhas para sua veste costurar... Esse é o preço, de quem por ali passar. Mas, caso não tenham em mãos seus objetos de desejos, deve seguir em frente e jamais  retroceder olhar...
        E os pequenos, então atentos, ao que Maria estava a lhes contar, olham para suas mãos, e nada tinham para ofertar. 

      Então, Maria lhes disse que deveriam seguir em frente sem olhar para trás, pois se assim fizessem - uma mulher de branco surgiria para todos assombrar.
       Respiraram  bem fundo, estufara o peito, vendo a madrugada se aproximar vestiram-se de coragem para o pântano atravessar. Grudados uns aos outros, como quem a se confortar...      Seguiram aquela estrada sem para trás olhar... E aquela estrada, parecia cada vez mais longa. Ao fixar o olhar avistavam o Curvão e o breu daquele lugar.
      Um silêncio de fez. Pareciam nem respirar, os corações já nem batiam, com medo que a mulher de branco pudesse se rebelar.
     Em meio ao silêncio, em maior obediência, ninguém se arriscava o olhar retornar... E no silêncio daquela travessia, cada passo que firmavam, acreditavam que de repente a mulher de branco apareceria... E aqueles segundos que firmaram aquela travessia, pareciam uma eternidade... 
       

       De repente, bem naquele Curvão, um vulto branco aparece como se fosse uma assombração.         O susto foi tão grande, que todos caíram ao chão.  Diante do que viam surgia um grande clarão, que iluminou aquele lugar ate então escuridão, mostrando-lhes o caminho daquela travessia. E todos levantaram seguindo, atravessando o pântano, incrédulos do que viam... 
        E as mãos em harmonia, seguiam aquela luz como se fosse anunciação. 

       Foi assim que aqueles jovens guardaram aquele segredo, só saberá o que há naquele Curvão quem enfrentar seus medos.

       Albertina Chraim

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