Convidada para participar do bingo da igreja daquele lugarejo, reuniu seus
irmãos pequenos, e os primos que moravam no mesmo terreno. E se foram, todos
faceiros, para as brincadeiras daquela quermesse no final de tarde, com o sol
já quase sumindo.
Entretidos
com as brincadeiras no salão paroquial, não se deram conta que a lua já havia
surgido.
Na
porta da quermesse, prontos para retornar, todos se deram as mãos como quem a se perguntar - como vamos
atravessar o Curvão?
-
Curvão, era um lugar aonde se fazia a travessia de um pântano – Corria a boatos
na vila, que lá, habitava uma assombração. Lugar escuro, com mato em volta, não
tinha recursos, muito menos iluminação, apenas uma trilha.
E o lugar era
temido. Mas, era o único trajeto de quem iria naquela direção.
E
o povo do lugarejo, no retorno para a casa, se, passasse do horário ninguém se
arriscava a enfrentar aquele Curvão.
Era sabido, que todos que iam para cidade tinham
que se organizar, para não passar naquele lugar depois do sol baixar...
E
as crianças assustadas, tementes, resistiam dar qualquer passo que mirasse aquele
pântano, habitado por outros seres que assustavam os humanos. Mas, não tinha
outro jeito, era preciso coragem e o pântano atravessar.
Maria,
no comando da situação, juntou todas as mãos, acalmando um por um e achando a
solução .
- Prestem
atenção!
Não
devemos nos acovardar, é preciso vencer o medo e a travessia realizar. É impossível passar a noite no relento, muito menos acreditar que há nesse lugar almas
de outros ventos. Vou
contar-lhes o segredo que assombra esse lugar... Há muitos anos, morava
bela jovem, numa casa modesta, bem naquela curva que esta a nos assustar... Era
mulher bonita, de cabelos dourados, com um sorriso cativante e trazia em sua face
a doçura do olhar... Certo dia outra mulher, de invejas se cobria, desferiu-lhe
um golpe certeiro e roubou-lhe o coração. E a bela mulher, em malvada se transformou...
Apoderando-se de qualquer intruso que aproximasse do Curvão.
Diz
ainda a lenda, que quem por ali passar, ela exige que traga-lhe pano, agulhas e
linhas para sua veste costurar... Esse é o preço, de quem por ali passar. Mas,
caso não tenham em mãos seus objetos de desejos, deve seguir em frente e jamais retroceder olhar...
E
os pequenos, então atentos, ao que Maria estava a lhes contar, olham para suas mãos,
e nada tinham para ofertar.
Então, Maria lhes disse que deveriam seguir em
frente sem olhar para trás, pois se assim fizessem - uma mulher de branco surgiria
para todos assombrar.
Respiraram bem fundo, estufara o peito, vendo a madrugada se aproximar vestiram-se de coragem para o pântano atravessar.
Grudados uns aos outros, como quem a se confortar... Seguiram aquela estrada sem
para trás olhar... E aquela estrada, parecia cada vez mais longa. Ao fixar o
olhar avistavam o Curvão e o breu daquele lugar.
Um
silêncio de fez. Pareciam nem respirar, os corações já nem batiam, com medo que
a mulher de branco pudesse se rebelar.
Em
meio ao silêncio, em maior obediência, ninguém se arriscava o olhar retornar...
E no silêncio daquela travessia, cada passo que firmavam, acreditavam que de
repente a mulher de branco apareceria... E aqueles segundos que firmaram aquela
travessia, pareciam uma eternidade...
De repente, bem naquele Curvão, um
vulto branco aparece como se fosse uma assombração. O susto foi tão grande, que todos
caíram ao chão. Diante do que viam
surgia um grande clarão, que iluminou aquele lugar ate então escuridão,
mostrando-lhes o caminho daquela travessia. E todos levantaram seguindo, atravessando
o pântano, incrédulos do que viam...
E as mãos
em harmonia, seguiam aquela luz como se fosse anunciação.
Foi assim que aqueles
jovens guardaram aquele segredo, só saberá o que há naquele Curvão quem
enfrentar seus medos.
Albertina Chraim
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