Sou escrava das palavras. Elas exercem um fascínio de tamanha proporção que muitas vezes chegam a ser maior do que própria dimensão.
Não sei de onde isso me vem. Mas, habituei-me a colhê-las como quem se encontra num vasto pomar, saboreando os frutos de cada estação - ou quem sabe perde-se num deserto no meio da solidão.
Ao atravessar o deserto das palavras, deparei-me com a ilusão de que, cada uma delas, quando profanadas – foi no sentido de “atravessar”, - que aprendi a escutá-las. E como que num oásis, me adentram como fagulhas aquecendo-me a alma.
Confesso que nessas andanças, não foram poucas as palavras que dilaceradas, outras muitas amadas escreventes, me fizeram vida.
Palavras de ordem, outras tantas de desordem...
Palavras, sempre as palavras! As ditas, as não ditas, as santas quem sabe, as mal ditas - as ouvidas outras apenas sentidas. As palavras doces, as palavras sem vida. Palavras soltas, e tantas palavras esquecidas...
Palavras que me desconsertam quando em concertos me acertam.
Por meio das palavras ouço os tons de tantas vozes, e quando mudas, amadora me deito em cada gesto alinhavando a conversa matinal acariciando meu corpo.
Tantas palavras doces, sorrateiras, as palavras safadas desordeiras, - tantas as palavras que não cabem em explicação.
Somente aprendemos a escutá-las quando se perde a razão.
Às vezes lúcidas, às vezes apaixonadas, a palavra tem peso como o amor que em surdina desequilibra a razão.
Palavras soltas trazem estragos, nos expondo ao perigo, porem quando juntas constroem tanto abrigos.
Talvez seja a palavra o bem maior de toda uma civilização, quando por meio delas são tomadas tantas decisões.
Ah!
As palavras, coisa do tão feminino - se, homem ou mulher, diante dela se desmancharam tantos castelos.
Um “sim” ou um “não” - não faz a diferença - quando as palavras são jogadas para fora da alma, cai sobre terra os desejos do coração.
Albertina Chraim
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