Era uma casa simples porem bonitinha, tudo estava no
lugar... Mas, a poeira parecia que a casa estava desabitada por algum tempo... Uma
casa que depois do falecimento da matriarca e do patriarca não mais havia sido
habitada, mas tudo estava la, no lugar... Maria entrou com cuidados e num passe
de mágica as luzes acenderam, iluminando toda a sala de tapetes vermelhos... Maria, com destreza começa a varrer a casa onde seu marido passou a infância... O
carpete vermelho mostrava a imponência do lugar, as damas de porcelanas
chinesas completavam a decoração da mesa ao lado do narguilé de bomba azuis, e
as duas cadeiras de madeira de encosto alto dava a ideia de trono - era como se
aquele espaço lhe fosse conhecido... No painel da parede a foto do sogro com um
turbante quadriculado vermelho envolto na cabeça e no porta retrato na mesinha
de canto a velha foto de família... Sozinha no silencio do vazio daquele lugar,
Maria devolve o movimento para aquele espaço, por algum tempo desabitado... Após
tudo limpo Maria faz a vistoria para ter a certeza que tudo estaria
perfeitamente asseado. Ao sentir a missão cumprida... Maria senta-se na
poltrona e olha cada metro quadrado, como a admirar e voltar às memórias... Quantas historias habitavam aquele lugar, quantas habitantes escreviam aquelas historias... Memórias marcadas pelos traços de vida dos filhos de Georges
e Kamelia... Memórias que mesmo que o tempo as tenha consumido, deixam rastros de
historia da saga de quem largou seu oriente para refazer a sua historia...
Maria em questão de segundos ouve algazarra de crianças a brincar no tapete
vermelho em volta das poltronas ocupadas pelo casal... Num lapso de segundo
Maria volta o tempo - e como a bailarina de porcelana chinesa observa todos os
movimentos dos habitantes daquela casa... Em silencio, numa ordem quase invisível...
Maria de repente desperta para a realidade e vê surgir a sua frente, aquele
homem, grande... moreno de expressão quase rude... Mas, que os olhos não escondiam
a sensibilidade humana... Maria incrédula
estende sua mão e com um sorriso recebe os olhos emaranhados do velho
Georges... A entrega-lhe um pacote com um par de xícaras de porcelanas chinesas de cor marfim, tipo pele de ovo, tudo bem rendada na própria porcelana, e embrulhada
em um lindo papel de presente... Maria agradece... E Georges a abraça com um
caloroso sorriso, um abraço como se na verdade ele sempre estivesse ali
presente, com seu jeito grande de homem assustado, querendo a todo o custo
deixar todos acomodados... E Maria num suspiro acorda... Olha para um lado do
outro do quarto com se fosse tudo verdade, e ela não tivesse sonhado...
Albertina
Chraim
Nenhum comentário:
Postar um comentário