domingo, 26 de maio de 2013

5. O ABRAÇO



Era uma casa simples porem bonitinha, tudo estava no lugar... Mas, a poeira parecia que a casa estava desabitada por algum tempo... Uma casa que depois do falecimento da matriarca e do patriarca não mais havia sido habitada, mas tudo estava la, no lugar... Maria entrou com cuidados e num passe de mágica as luzes acenderam, iluminando toda a sala de tapetes vermelhos... Maria, com destreza começa a varrer a casa onde seu marido passou a infância... O carpete vermelho mostrava a imponência do lugar, as damas de porcelanas chinesas completavam a decoração da mesa ao lado do narguilé de bomba azuis, e as duas cadeiras de madeira de encosto alto dava a ideia de trono - era como se aquele espaço lhe fosse conhecido... No painel da parede a foto do sogro com um turbante quadriculado vermelho envolto na cabeça e no porta retrato na mesinha de canto a velha foto de família... Sozinha no silencio do vazio daquele lugar, Maria devolve o movimento para aquele espaço, por algum tempo desabitado... Após tudo limpo Maria faz a vistoria para ter a certeza que tudo estaria perfeitamente asseado. Ao sentir a missão cumprida... Maria senta-se na poltrona e olha cada metro quadrado, como a admirar e voltar às memórias... Quantas historias habitavam aquele lugar, quantas habitantes escreviam aquelas historias... Memórias marcadas pelos traços de vida dos  filhos de Georges e Kamelia... Memórias que mesmo que o tempo as tenha consumido, deixam rastros de historia da saga de quem largou seu oriente para refazer a sua historia... Maria em questão de segundos ouve algazarra de crianças a brincar no tapete vermelho em volta das poltronas ocupadas pelo casal... Num lapso de segundo Maria volta o tempo - e como a bailarina de porcelana chinesa observa todos os movimentos dos habitantes daquela casa... Em silencio, numa ordem quase invisível... Maria de repente desperta para a realidade e vê surgir a sua frente, aquele homem, grande... moreno de expressão quase rude... Mas, que os olhos não escondiam a sensibilidade humana...  Maria incrédula estende sua mão e com um sorriso recebe os olhos emaranhados do velho Georges... A entrega-lhe um pacote com um par de xícaras de porcelanas chinesas de cor marfim, tipo pele de ovo, tudo bem rendada na própria porcelana, e embrulhada em um lindo papel de presente... Maria agradece... E Georges a abraça com um caloroso sorriso, um abraço como se na verdade ele sempre estivesse ali presente, com seu jeito grande de homem assustado, querendo a todo o custo deixar todos acomodados... E Maria num suspiro acorda... Olha para um lado do outro do quarto com se fosse tudo verdade, e ela não tivesse sonhado...


Albertina Chraim 

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