domingo, 5 de maio de 2013

1.O MOSTEIRO



Maria saiu com sua filha para fazer uma trilha, caminhavam pelas encostas de um lugar em ruínas e muito verde. Tudo era deserto, parecendo um mosteiro. Foi diante deste lugar que Maria descobriu um segredo.
Estava sua filha a impor-lhe um desafio...
Vamos mãe!
Vamos mãe!
Vamos fazer rapel e muitas trilhas...
Maria teve medo, mas, ate tentou investir, amarrou-se a tantas cordas e mesmo escorregando tentou subir...           
        Depois de varias tentativas, quase caindo na perambeira, resolveu desistir...
Seu peito estava apertado diante do medo de cair...
Vamos mãe!
Vamos mãe!
Você vai conseguir...
         - Filha, olhe pra mim, não posso continuar!
        Não me apetece essa vida, em perigos querer arriscar...
        Prefiro pisar em chão firme, sentindo meus pés no firmamento, assim acredito viver melhor cada instante, em todos os momento...
Nada contra quem se arrisca...muito menos quem petisca, mas cada um tem seu jeito de vencer os obstáculos de sua vida...
E assim mãe e filha,  sentaram-se na calçada, no meio de tantas ruínas.
Nesse momento de silencio, Maria propôs, a sua filha outra sina...
        Vamos brincar de esconde esconde?
     Cada uma esconde algo, em meio a essas ruinas, e depois o outro vem a buscar o escondido.  Assim inicia-se uma brincadeira de achar um tesouro, e ao catar em cada canto algo que esta escondido, podemos revelar algum segredo que em vida estava esquecido.
        E quem  o achar, o descortina.
    - Olhando a sua volta, nada tinha a esconder, mas abrindo sua mão encontrou a chave de casa...
       - Maria, iniciou assim, a brincadeira... Afastou-se da sua filha... Para esconde o que estava em suas mãos...            

      Maria garimpou o mosteiro... vasculhando cada canto  como quem a desvendar um mundo inteiro... e no meio do matagal  encontrou um altar com imagens de santos em forma de estatua, a orar...   

        Ficou ali absorta, esquecendo-se da brincadeira, mas um lapso de memória a chamou de volta a vida.
     - Olhou nas mãos do santo, em forma de prece estendida, pensou que poderia pendurar a chave de casa e lá estaria bem escondida... 
      Depois de tal façanha, virou-se para chamar a sua filha...
   Mas, ao dar as costas ao altar, a imagem, criou vida, fazendo movimentos, friccionando suas  mãos, e o que tinha, transformou em algo pequeno, como se fosse um amuleto, reluzente como ouro, feito jóia, em leilão.
      Assustada, Maria, indagou a imagem:
    - como podes reduzir em jóia  minha chave?  
   - Pensei que estatuas não tivesse vida, nem vivessem a maldade...
    A estatua de gélida e fria, começa a se movimentar, levantou- se de seu espaço e segurou as mãos de Maria...                                          
        Dizendo em voz doce:
        Não temas, minha filha!
        Tenho para você, uma missão especial!
       Vestirei teu corpo com meu manto - já fui homem em tua terra, hoje sou estatua em forma de memória...
        Já me despi desta aldeia, de homens em pé de guerra.             
     Agora, sou estatua, sem vida, pois dela não mais preciso.    Estou aqui presente em memória, a te mirar em vida.
   Ao ouvir a estatua que agora ganhou vida, reconheceu na sua voz, alguém que tenha conhecido, já teve vida...
   Não temas, Maria, sou eu mesmo que retomei a vida, mesmo que por alguns segundos, pois mais uma vez estarei de partida...
       Quero apenas te entregar a chave de tua vida, para que possas viver... de que forma, não importa... mas tenhas sempre cuidados, com o dia de amanha, pois não sabemos o que vira nessa aldeia de humanos...
      Você é do tamanho que vê, e da cor que suporta, não tenha medos de altura nem precisas trancar as portas...
      Continue com teus desejos de escrever, mesmo menina.    
    Ao descrever-te, pintas o horizonte, logo ali atrás dos montes, em forma de palavras a linguagem de todos os homens...

        E num suspiro aliviado, Maria despertou... desligou seu relógio tomou seu banho, preparou seu café... E seguiu-se  por mais um dia.
Albertina Chraim

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