Maria saiu
com sua filha para fazer uma trilha, caminhavam pelas encostas de um lugar em ruínas
e muito verde. Tudo era deserto, parecendo um mosteiro. Foi diante deste lugar
que Maria descobriu um segredo.
Estava sua
filha a impor-lhe um desafio...
Vamos mãe!
Vamos mãe!
Vamos fazer
rapel e muitas trilhas...
Maria teve
medo, mas, ate tentou investir, amarrou-se a tantas cordas e mesmo escorregando
tentou subir...
Depois de varias tentativas, quase
caindo na perambeira, resolveu desistir...
Seu peito
estava apertado diante do medo de cair...
Vamos mãe!
Vamos mãe!
Você vai
conseguir...
-
Filha, olhe pra mim, não posso continuar!
Não me apetece essa vida, em perigos
querer arriscar...
Prefiro pisar em chão firme, sentindo
meus pés no firmamento, assim acredito viver melhor cada instante, em todos os
momento...
Nada contra
quem se arrisca...muito menos quem petisca, mas cada um tem seu jeito de vencer
os obstáculos de sua vida...
E assim mãe e
filha, sentaram-se na calçada, no meio
de tantas ruínas.
Nesse
momento de silencio, Maria propôs, a sua filha outra sina...
Vamos brincar de esconde esconde?
Cada
uma esconde algo, em meio a essas ruinas, e depois o outro vem a buscar o
escondido. Assim inicia-se uma brincadeira
de achar um tesouro, e ao catar em cada canto algo que esta escondido, podemos
revelar algum segredo que em vida estava esquecido.
E quem o achar, o descortina.
- Olhando a sua volta, nada tinha a
esconder, mas abrindo sua mão encontrou a chave de casa...
- Maria, iniciou assim, a brincadeira... Afastou-se
da sua filha... Para esconde o que estava em suas mãos...
Maria garimpou o mosteiro...
vasculhando cada canto como quem a
desvendar um mundo inteiro... e no meio do matagal encontrou um altar com imagens de santos em
forma de estatua, a orar...
Ficou ali absorta, esquecendo-se da brincadeira,
mas um lapso de memória a chamou de volta a vida.
- Olhou nas mãos do santo, em forma de
prece estendida, pensou que poderia pendurar a chave de casa e lá estaria bem escondida...
Depois de tal façanha, virou-se para chamar
a sua filha...
Mas, ao dar as costas ao altar, a imagem, criou vida,
fazendo movimentos, friccionando suas mãos, e o que tinha, transformou em algo pequeno, como se
fosse um amuleto, reluzente como ouro, feito jóia, em leilão.
Assustada, Maria, indagou a imagem:
- como podes reduzir em jóia minha chave?
- Pensei que estatuas não tivesse vida, nem vivessem
a maldade...
A
estatua de gélida e fria, começa a se movimentar, levantou- se de seu espaço e
segurou as mãos de Maria...
Dizendo em voz doce:
Não temas, minha filha!
Tenho para você, uma missão especial!
Vestirei teu corpo com meu manto - já
fui homem em tua terra, hoje sou estatua em forma de memória...
Já me despi desta aldeia, de homens em
pé de guerra.
Agora, sou estatua, sem vida, pois dela
não mais preciso. Estou aqui presente em memória, a te mirar em vida.
Ao
ouvir a estatua que agora ganhou vida, reconheceu na sua voz, alguém que tenha
conhecido, já teve vida...
Não
temas, Maria, sou eu mesmo que retomei a vida, mesmo que por alguns segundos,
pois mais uma vez estarei de partida...
Quero apenas te entregar a chave de tua vida,
para que possas viver... de que forma, não importa... mas tenhas sempre
cuidados, com o dia de amanha, pois não sabemos o que vira nessa aldeia de humanos...
Você é do tamanho que vê, e da cor que
suporta, não tenha medos de altura nem precisas trancar as portas...
Continue com teus desejos de
escrever, mesmo menina.
Ao descrever-te, pintas o horizonte,
logo ali atrás dos montes, em forma de palavras a linguagem de todos os
homens...
E num suspiro aliviado, Maria despertou...
desligou seu relógio tomou seu banho, preparou seu café... E seguiu-se por mais um dia.
Albertina
Chraim
- como podes reduzir em jóia minha chave?
- Pensei que estatuas não tivesse vida, nem vivessem a maldade...
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