Sentada no banco da praça,
a admirar a paisagem tranqüila daquele lugar - Maria escuta os pássaros em
revoadas nas copas das arvores a anoitar-se.
Vestida de pensamentos,
meio a algazarras de crianças a correr em alegrias, seu olhar distante fita a
natureza, como quem sem direção agradecendo ao criador, por toda aquela visão...
Não!
Não era miragem, a beleza
da natureza daquela praça de ilusão.
Foi ali que ela encantou-se
com um forasteiro que roubou-lhe seu coração, porem um dia, como magia, ele
foi-se, deixando Maria na solidão.
Os anos se passaram e todo
final de tarde, Maria voltava ao banco da praça a recordar o amor perdido
daqueles olhos tristes que a beijou numa tarde de verão.
E assim, foram-se os anos recordando a canção que
falava de amores e de paixão...
Passou-se tanto tempo que
os dias nem mais contava, pois Maria ainda guardava no seu peito a poesia.
E o amor de péles claras,
de olhar encantador, falava coisas lindas com palavras de amor.
Falou-lhe de desejos, de
saudades e de flores - não a prometeu nada, e Maria enamorou-se...
Mas, numa tarde e outono
daquelas de brisa na face, onde as folhas secas caem, o cheiro do mar nos
invade, Maria sentada na praça vê uma miragem... Aquele sorriso elegante, a
aproximar-se com a mesma classe que há encantou um dia... Chegando de mansinho,
falando coisas lindas de amor e cumplicidades...
Maria assustada, porem cheia
de esperança abre-lhe seu coração, como quem a aconchegar-se naquele olhar que a amara um dia.
Maria sorridente segue um
passo a frente, com olhar surpreendente a reviver seu grande amor...
Em questão de segundos,
parece que parou o mundo para que aquele momento jamais tivesse fim... E Maria
entusiasmada sente o calor de seus lábios, num beijo ardente, de dois corpos
apaixonados... Nos cabelos a caricia, o corpo na ponta dos pés... Maria agora
sente o desejo de Mulher...
Mas, Maria ao dar-se
conta de sua fantasia, mais uma vez o vê afastar-se ao acordar de seu sonho,
pois já estava a amanhecer o dia.
Albertina Chraim
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