sábado, 8 de junho de 2013

9.UM AMOR PARA MARIA


         A praia recortada de encostas a levava a admirar a natureza, diante das paisagens e dos cantos das gaivotas que, perdidas na ilha, enfeitavam o céu naquele final de tarde ensolarado.

Finava-se também o verão e as águas pareciam geladas anunciando o inverno a bater na porta.
Seus pés escreviam suas marcas deixadas pela singularidade de seus pensamentos. Pés desnudos, pés descalços riscavam a areia branca, e a maré, como sorrateira beijava sua pele - e em disparada voltava para o oceano como a quem, a não se importar com a solidão de Maria.
O vento cobria-lhe a face e os cabelos esvoaçantes turvavam a imagem que ela fitava, a perde-se no horizonte.

Maria, nesse momento sonha com aqueles olhos tristes que havia encontrado dias antes, como quem por acaso a desejar-lhe - Bom dia!

De onde surgira aquele mistério que encantadoramente abraçara seu coração como um desconhecido sorrateiro?  

Pensamentos giravam naquela mente, a desejá-lo sussurrando em seus ouvidos palavras, que somente um amor, poderia proferir.

E assim se fazia os finais de tarde de Maria - caminhante no deserto daquela praia - por vezes soprando-lhe em brisas, outras vezes, ventanias.

Maria a caminhar, reverenciava cada segundo daqueles momentos a perder-se na vastidão do mar em pensamentos.

 Numa sensação desorientada, de um revolto de desejos Maria vê um vulto aproximar-se a entregar-lhe um sorriso encantador. Aquele sorriso bonito com sabor de - Bom dia!

Podendo sentir seu coração disparado a pulsar na sintonia do amor, fundindo-se em dois corações apaixonados, Maria vivencia a fantasia e a ilusão sem limites de entregas.

E aquelas areias de uma tarde fria, agora escaldantes, exalam o amor de Maria.

Maria abre seus olhos para ter a certeza que o espaço que a circundava era real, e que aquilo que sentia, não era miragem daquele território em que vivia.

E com sensações imprecisas Maria vê a noite aproximar-se cobrindo o mar. E a vida, agora de estrelas esta a iluminar os sonhos de Maria, que se entregava a tal amor indiscriminadamente como se estive sob o efeito da energia de Netuno, sem temer auto-enganos.

Passavam-se as horas, mas o tempo congelava aquele momento como se estivem envoltos num véu de ilusão, entre sonhos, desejos e fantasias.

Maria receando acordar da realidade insípida e árida de seus dias... devaneia-se,  acreditando ser real.

A sensação de estar viva, mesmo que por alguns momentos a levava como num barquinho de velas inçadas a navegar em águas claras e cristalinas com mar de calmaria.    

E os cantos das gaivotas, a distanciar-se de Maria, davam lugar aos sussurros em seus ouvidos... E das pegadas deixadas na areia fez-se a cama de dois corpos a se amar.

Não era amor incondicional, nem amor para sempre, e Maria amou naquele momento, aqueles olhos tristes.

Por segundos, afastou-se do mundo terreno descobrindo fronteiras, iludindo-se ser  ela, aquela única gota de água capaz de que mover todo o oceano.

E Maria entregou-se a tal amor, sob a proteção de Netuno - ouvindo a voz de seu coração implorando para despertar o que há dentro de si.

Sentindo ainda a areia fina em seus pés, Maria escuta ao longe o canto das gaivotas, e o barulho das águas a recobrar-lhe a consciência trazendo-a para a realidade, pois já estava amanhecendo o dia.


Albertina Chraim

Nenhum comentário:

Postar um comentário